ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Todos os anos, milhoes de pessoas de mais de 65 anos – o grupo etário de maior risco de acidente vascular carebral – fazem as malas, saem de casa e metem-se no carro, para umas longas férias ou para mudarem para um novo local. Eles estão a pôr em prática os seus sonhos de boa vida.
Por que razão é que estes velhotes gozam de boa saúde e têm este espírito aventureiro? A sorte pode desempenhar um papel importante, mas é provável que estes velhotes “felizes” tenham procurado a sorte levando uma vida saudável. Você pode partilhar a mesma sorte optando por um estilo de vida sensato, o que pode significar a diferença entre ter um futuro saudável e activo e entrar para as estatísticas dos acidentes vasculares cerebrais.
E as estatísticas são assustadoras. Num total de 9 794 casos (desde 2006 até 2011) em Portugal. Um terço destes é fatal e um outro terço provoca deficiências (paralisias, perda de memória ou perda de um ou mais sentidos), enquanto o resto não sofre qualquer efeito duradouro.
A causa mais comum é a osterosclerose, as placas de colesterol que obstruem as artérias que conduzem o cérebro. Os coágulos podem libertar-se da placa, percorrer os vasos sanguíneos e finalmente bloquear o fluxo de sangue e oxigénio ao cérebro. O resultado é que parte do cerebro sufoca e morre. Outras vezes, o acidente vascular cerebral é causado por uma hemorragia cerebral – um vaso sanguíneo que ao rebentar inunda um tecido cerebral delicado.
O ENVELHECIMENTO NÃO É UM REQUISITO
O acidente vascular cerebral embora esteja primordialmente associado á idade avançada, muitos jovens – particularmente mulheres – sofrem acidentes vasculares cerebrais porque acumulam factores de risco que conduzem a doença mortal. Aqueles que sofrem acidentes vasculares cerebrais prematuros enquadram-se em determinado perfil.
- Usam pílulas de controlo de natalidade (contraceptivos).
- Tem tensão alta.
- Fumam.
- Abusam das drogas e consomem demasiado álcool.
- Têm distúrbio na válvula mitral do coração.
- Têm antecedentes de enxaquecas.
“Quando pensa nestes factores de risco, especialmente os três principais – uso de contraceptivos orais, hipertensão e fumo – você apercebe-se de que não são tão raros como isso, e ao contrário de outros segmentos da população, as mulheres jovens estão a fumar cada vez mais ”. (Dr.Michael Weber, professor de Medicina na Universidade da Califórnia, Irvine, Faculdade de Medicina)
Um sinal precose de acidente vascular cerebral é o acidente isquémico transitório, ou o mini-ataque. Os acidentes inquémicos transitórios deixam temporariamente o rosto ou os membros paralisados, a fala ou a visão debilitadas (especialmente num olho) ou provocam períodos de fraquesa e tonturas. Os sintomas geralmente passam em menos de 24 horas. No entanto, os mini-ataques são um sinal de que o cérebro não está a receber oxigénio suficiente, e um ataque maior pode estar a caminho. Se em qualquer altura pensar que sofre de acidente isquémico transitório, derija-se rápidamente a um médico. Trinta por cento daqueles que sofrem um acidente isquémico transitório vão ter um ataque maior, algumas vezes no espaço de semanas ou dias.
PARE UM ATAQUE ANTES QUE ELE O PARE A SI
Para muitas pessoas, as mudanças de estilos de vida por si só são suficientes para reduzir a probabilidade de ataque, por isso, mexa-se. Não espere pelos sinais de perigo; comece por fazer o que puder para desarmar o inimigo.
Baixe a tensão arterial. A primeira coisa que deve fazer para reduzir o risco de acidente vascular cerebral é baixar a tensão arterial. Pode fazer isto atravéz de dieta, exercício e – quando necessário – medicação. Com o abaixamento da tensão arterial, abaixa o risco de acidente vascular cerebral – muitas vezes de forma sensacional.
Perca uns quilos e deixe o tabaco. Fumar é por si só um factor de risco importante no desencadear do acidente vascular cerebral; quando combinado com o excesso de peso, a probabilidade de um acidente sobe vertiginosamente, segundo um relatório publicado na revista médica britânica Lancet. Um estudo calculou que, em conjunto, os dois representam 60 por cento dos acidentes vasculares carebrais nos homens de 65 anos e menos.
Baixe esses lípidos. Uma dieta rica em gordura e colesterol aumenta a LDL, o tipo de colesterol que causa atereosclerose e contribui para o acidente vascular cerebral. As pessoas com diabetes correm um risco particularmente alto de ter um acidente vascular cerebral porque geralmente têm tensão alta e níveis elevados de colesterol.
Com uma dieta pobre em gordura e colesterol e rica em cereais e vegetais, evita-se o AVC de várias maneiras, ajudando a diminuir o colesterol no sangue e a aumentar a ingestão de nutrientes activos no combate a doenças.
As investigações mostram que as pessoas que sofrem um AVC geralmente têm níveis dietéticos de potássio, cálcio e vitamina D mais baixos do que os indivíduos saudáveis. Num estudo, as dietas de mulheres saudáveis continham 38 por cento mais de vitamina D e 17 por cento mais cálcio do que as mulheres que tinham sofrido de AVC.
Alguns estudos também mostram que a vitamina E evita que as plaquetas sanguíneas se colem às paredes das artérias e formem placas de colesterol, um percursor do AVC e de outras doenças cardiovasculares.
Quando se resolve fazer uma dieta saudável, pobre em gordura, dever-se-á comer cereais integraisricos em vitamina E e verduras ricas em cálcio, além de vegetais e frutos, que são boas fontes de potássio. Estes alimentos antiacidente vascular cerebral estão também associados a tensão arterial baixa e ao colesterol “bom>”.
AFASTE-SE DO PERIGO
O exercício aeróbico regular, especialmente a marcha moderada, é uma das melhores maneiras de prevenir o AVC. Os investigadores analisaram o exercício a as taxas de AVC e de ataque de coração nos homens 7 735 homens, de idades compreendidas entre 40 e 59 anos, e concluíram que a actividade física moderada, como a marcha, reduz significativamente o risco de AVC e de ataque de coração nos homens, tanto nos que já tinham como nos que não tinham problemas cardíacos.
A razão é extraordinariamente simples. Os coágulos são a principal causa dos acidentes vasculares cerebrais, e o exercício aumenta os factores de dissolução dos coágulos no sangue.
“Quando em exercício, o organismo produz o activador do plasminogénio tecidular (t-PA), que evita que se formem os coágulos e dissolve os coágulos existentes”. (Dr. Wayne Chandler, professor assistente de Medicina Laboratorial na Universidade de Washington, em Seattle)
O exercício regular moderado, como andar quatro ou cinco vezes por semana durante 30 minutos, aumentará a produção de t-PA. O exercício também reduz a produção da proteína fibrinogénio, de que os coágulos são compostos.
Os estudos sugerem que o risco de AVC e doença cardíaca aumenta se os níveis de fibrinogénio ferem mais elevados do que o normal. Esta combinação do abaixamento de fibrimogénio e do aumento de t-PA pode ajudar a aumentar a taxa de dissolução dos coágulos quando eles se começam a formar.
ASPIRINA: NÃO APENAS UM REMÉDIO PARA A DOR DE CABEÇA
Pequenas doses de aspirina ajudam a prevanir o AVC, especialmente se já sofreu um acidente isquémico transitório. A aspirina reduz a capacidade de as plaquetas de sangue formarem coágulos, que obstruem as artérias, cortam o fluxo sanguíneo e provocam o AVC.
“Para aqueles que já sofriam da doença vascular, ou ataque de coração, angina, acidente vascular cerebral ou acidente isquémico transitório, existem provas conclusivas de que pequenas doses de aspirina reduzem o risco de AVC subsequente, ataque de coração ou morte.” (Dr. Charles Henneken, presidente interino Medicina Preventiva na Faculdade de Medicina de Harvard)
Investigadores suecos descobriram que um grupo que tomou 73 miligramas de aspirina diariamente (mais ou menos uma quantidade de aspirina para bebé) ficaram 17 por cento menos sujeitos a ter um AVC (ou a morrer de um) do que aquelas que não tomaram aspirina. Além disso, aqueles que tomaram aspirina ficaram 16 a 20 por cento menos propensos de ter um segundo AVC ou ataque de coração.
Um estudo holandês mostra que 30 miligramas de aspirina diárias são tão eficazes a baixar o risco de ataques de coração e AVC como a dose geralmente tomada, quase dez vezes maior (283 miligramas). (Uma aspirina para adulto contém cerca de 325 miligramas .)
Quanto menor for a quantidade menores serão as complicações hemorrágicas.
Os medicos afirmam, todavia, que podem existir poucas ou nenhumas vantagens de tomar aspirina para prevenir um primeiro AVC. Além disso, alguns indícios sugerem que aqueles que tomam aspirina para prevenir um primeiro ataque de coração podem aumentar levemente o risco de sofrerem um AVC.
Em jeito de rodapé, não se deve tomar aspirina para proteger o coração sem primeiro consultar um médico. Além disso a dose prescrita não deve ser alterada – tanto aumentada como reduzida – sem o acordo do médico.
ESTÁ EM RISCO DE SOFRER UM AVC?
O melhor indicador de probabilidade de um acidente vascular cerebral é a tensão arterial. “Qualquer tensão arterial acima de 95 (diastólica) na minima e 140 (sistólica) na máxima está acima do normal e deve ser uma preocupação”. “Se a pessoa também sofre de outros factores de risco, pode ter maior probabilidade de um AVC.” (Dr. Michael Weber, professor de Medicina na Universidade da Califórnia, Irvine, Faculdade de Medicina)
Você está em risco? Resposta Sim ou Não às perguntas.
- Tem tensão alta?
- Sofre de doença cardíaca?
- Fuma?
- Têm um numero elevado de glóbulos vermelhos?
- Já sofreu algum acidente isquémico transitório?
- Tem 65 ou mais anos de idade? (Só um em cada sete pessoas morre de AVC está a baixo de 65 anos de idade.)
- É homem? (Os homens estão mais propensos a ter AVC que as mulheres.)
- Tem diabetes mellitus? (As pessoas com diabetes têm uma maior incidência de AVC.)
- Já teve algum AVC?
- Tem antecedentes familiares de AVC?
- Têm sopro carotídeo assintomático? (Trata-se de uma complicação ou bloqueamento da artéria carótida revelada pelo som do estetoscópio detectado por um médico.)
- É afro-americano? (Os negros são mais propensos ao AVC do que os brancos.)
- Tem fibrilação auricular?
- Tem uma taxa elevada de colesterol?
Se respondeu Sim á pergunta nº1 e se também respodeu Sim a qualquer outra pergunta, pode estar em risco de sofrer um AVC.
Quantas mais respostas Sim tiver, maiores são as suas hipóteses de acidente vascular cerebral, e o mais importante é tomar providências para prevenir um problema.
Se teve mais de uma resposta Sim – ou não sabe a resposta de uma pergunta – consulte o seu médico.